Relatório denuncia violência na Costa do Marfim
Foi publicado um relatório que denuncia a violência e as violações dos Direitos Humanos cometidos na Costa do Marfim após a segunda volta das eleições presidenciais de 28 de Novembro de 2010. Resultado de seis meses de pesquisa de campo, o documento intitula-se “eles viram o seu bilhete de identidade e mataram-no". Um título impactante para uma realidade que vai além do impacto: centenas de pessoas assassinadas (inclusive por critérios étnicos e políticos), mulheres e adolescentes vítimas de violências sexuais de todos os tipos e centenas de milhares de pessoas obrigadas a migrar para outras partes do país ou mesmo para fora dele. A organização humanitária recolheu numerosos testemunhos de vítimas de violências, cometidas tanto pelos partidários do ex-presidente Laurent Gbagbo, quanto pelas forças armadas do novo presidente Alassane Dramane Ouattara.
Em entrevista à agência Fides, o director das Pontifícias Obras Missionárias da Costa do Marfim, o sacerdote Alphonse N’Guessan N’Guessan, disse que “a prioridade, como Igreja, é promover a reconciliação das pessoas, e que a violência deixou muito rancor na população”. “Decidimos dedicar todo este ano e também 2012 à reconciliação nacional” – disse. A próxima iniciativa será um encontro de três dias, a ser realizado em Setembro, dedicado às crianças e intitulado “Aprender a Viver Juntos”. O evento será realizado em sete cidades do país com o objectivo de espalhar o espírito de tolerância e de comunhão, e também de amor para com o próximo.
Mons. Alphonse contou que os danos materiais foram pesados, principalmente em alguns bairros da capital Abidjan, onde os confrontos foram intensos. Muitas pessoas perderam os seus empregos, pois muitas actividades económicas foram destruídas. Ressaltou ainda o problema dos refugiados internos e dos que foram para os países vizinhos, como Libéria e Gana, estes últimos que não tem mais casas para onde voltar e são ameaçados de morte.
As perdas de dignidade, de esperança, de vontade de viver, de vidas, porém, são bem mais difíceis de se recuperar. A Amnistia Internacional recolheu depoimentos de mulheres que contam que foram violentadas dentro das próprias casas, por grupos de soldados; outras coagidas por autoridades do governo, outras atacadas nas ruas.
Para o pesquisador da ONG, Gaëtan Mootoo, a situação ainda é muito frágil no país, e as violações dos direitos humanos continuam a ser cometidas, principalmente na capital, contra partidários de Laurent Gbabo, agora preso. (ED)
Fonte: Rádio Vaticano Foto: VideoSonar
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