quinta-feira, 9 de julho de 2015

8 de Julho de 2015

Os dias de ida à rua são sempre de expectativa: o que se consegue arranjar, quem vai...
Ontem foi mais um dia desses. Fomos preparando as coisas desde a véspera contactando e recolhendo alimentos na Re Food da Foz, de onde veio algum pão, fruta, doces e salgados que, não sendo em quantidade suficiente amenizaram o peso dos nossos gastos, e possibilitaram uma melhor gestão antecipada das disponibilidades.
Esta experiência servirá para as próximas saídas dado que a Re Food pass...ará a substituir-se aos Pinhais da Foz, onde íamos recolher algumas sobras.
Ficamos com mais tempo disponível no dia da saída e a saber com o que podemos contar, pois essa recolha é antecipada para as 22h00 da Terça-Feira anterior.
Eramos 9: 3 individuais e 6 de Carregosa. Demos a volta, uns pela cidade e outros pelos bairros e parte da cidade onde não é muito habitual passar.
Em cada paragem repetia-se o ritual: falar, distribuir e partir. Nuns pontos com mais demora, noutros apenas com a suficiente. Tudo em função da carência dos circunstantes. No Carregal, fomos encontrar o Sr. António decaído, com a comida que lhe tinham deixado desde a véspera intacta ao lado... Queixou-se: estava doente! Não estava conversador como de costume e permaneceu deitado como estava. Está mais magro e abúlico. Tinham saído de junto dele momentos antes os médicos que apoiam os sem-abrigo. Interrogamo-nos se, nesta situação, terá o apoio de que necessita ou se não será o prelúdio do fim duma vida de rua...
Percorrida a cidade juntámo-nos na Batalha onde encontrámos um numeroso grupo à nossa espera. Durante uma boa hora, divididos em grupos, ouvimos e falámos numa troca de saberes, de experiências e percursos de vida, recolhendo e semeando.
- Olhe: quero contar-lhe a minha vida!...
E da vida contou um retalhinho com os motivos que o apoquentavam e justificavam o facto de estar na rua!
No final fizemos a nossa oração e entoámos o "Boa noite..." numa roda alargada em que se integraram mais de uma dezena dos novos e velhos amigos. Saíramos 9 e estávamos ali mais de 20...
Se mais não justificasse a necessidade da nossa ida à rua ao encontro destes últimos dos últimos, bastaria ver a alegria e tranquilidade que transparecia naqueles rostos martirizados pela vida para a comprovar.
A noite de ontem foi mais leve e menos penosa para todos eles e isso também é parte da nossa alegria por sabermos que pudemos contribuir para lha amenizar.


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