Institutos religiosos católicos têm «peso significativo» em Portugal
Nova presidente da conferência das congregações traça prioridades e anterior responsável avalia mandatos
A nova presidente da Conferência dos Institutos Religiosos (CIRP) considera que as congregações católicas têm “um peso significativo” no apoio social e na educação em Portugal.
“Todas as pessoas que passam pelas nossas instituições fazem-no por opção, independentemente das suas convicções religiosas”, afirmou à Agência Ecclesia a irmã Lucília Gaspar, eleita a 18 de Maio para um mandato de três anos à frente da CIRP.
A superiora das Servas de Nossa Senhora de Fátima considera que os cerca de sete mil religiosos existentes em Portugal “têm a obrigação de oferecer uma dimensão humana e cristã alimentada pela fé”, vertente que confere “consciência de cidadania e empenhamento na vida da sociedade”.
“Há uma base educativa cristã que vai estando, por exemplo, no crescimento das crianças e no acolhimento aos idosos”, salientou Lucília Gaspar, surpreendida com a escolha que a torna a primeira mulher a presidir à CIRP.
O padre Manuel Barbosa, anterior presidente da instituição, refere que a importância da vida consagrada não está tanto no trabalho realizado mas sobretudo na “fidelidade ao carisma”, termo que designa a finalidade e espiritualidade definidas pelos fundadores das congregações, que a Igreja acredita terem tido motivação divina.
“Se nos reduzirmos às actividades e às suas dificuldades crescentes, perdemos a razão de ser”, frisou o sacerdote, que dirigiu a CIRP desde a sua criação, em Maio de 2005, no seguimento da união entre a Conferência Nacional dos Superiores dos Institutos Religiosos e a Federação Nacional das Superioras Maiores dos Institutos Religiosos.
Para Lucília Gaspar, as prioridades da nova direcção passam por continuar a colaborar no documento ‘Repensar a Pastoral da Igreja em Portugal’, que o episcopado português está a elaborar desde 2010.
A diminuição de candidatos à vida consagrada é uma das preocupações dos institutos: as “poucas vocações” são justificadas pela “natalidade baixa”, afirmou a responsável, acrescentando que “todas as congregações, em Portugal e na Europa, estão a debater-se com o elevado número de religiosos envelhecidos”.
Ao avaliar os seus dois mandatos, Manuel Barbosa realçou que a CIRP tentou ser “uma entidade dinâmica de coordenação e auxílio mútuo”, num “serviço à comunhão”, nomeadamente através do apoio prestado aos mosteiros de clausura e a "institutos mais pequenos, com menos possibilidades a nível económico e formativo”.
O também vice-presidente da União das Conferências Europeias de Superiores e Superioras Maiores destacou o “trabalho muito precioso” das comissões dedicadas à “Justiça e Paz” e ao apoio às vítimas do tráfico de pessoas, dois dos seis departamentos da CIRP.
O religioso dehoniano mencionou ainda o envolvimento nas comemorações do Centenário da República, com a realização de iniciativas culturais e editoriais, assim como o Congresso dedicado à história e ao papel das congregações religiosas em Portugal, além da publicação do Dicionário das Ordens e Congregações.
Entre as “lacunas” dos seis anos de presidência, o sacerdote assinalou que a Comissão da Pastoral Vocacional não incentivou “quase nenhuma” realização e o site da CIRP continua por construir.
Fonte: RM/Agência Ecclesia Foto: Servas de Nossa Senhora de Fátima
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