sexta-feira, 20 de maio de 2011

Igreja denuncia clima de medo e insegurança na Costa do Marfim


A Igreja Católica continua a denunciar perante a comunidade internacional a existência de um clima de medo e de insegurança na Costa do Marfim, apesar de os combates entre as forças do ex-presidente Laurent Gbagbo e o actual chefe de Estado, Alassane Ouattara, já terem terminado.
“Os combates em Abidjan cessaram, mas a população vive ainda num clima de insegurança. Não obstante isto, a vida está a voltar ao normal”, disseram, sob anonimato, fontes da Igreja em Abidjan, capital da Costa do Marfim. “É sobretudo à noite que as pessoas têm medo de sair de casa. O trauma dos recentes confrontos está ainda vivo e é compreensível o clima de segurança sentido pela população, mesmo quando não existem acontecimentos que podem alimentá-lo”, acrescentam as mesmas fontes, citadas pela agência Fides.
Recorde-se que o conflito ocorreu quando Gbagbo não reconheceu a vitória de Ouattara na segunda volta das eleições presidenciais de Novembro do ano passado. Desde então, têm surgido diversos relatos que dão conta das atrocidades verificadas no país.
O governo, por exemplo, denunciou a morte de mais de duas centenas de civis, no sudeste do país, por milicianos e mercenários de Gbagbo. Foram também descobertas valas comuns no Oeste do país, onde se amontoavam centenas de corpos de civis. Desta vez, os massacres foram atribuídos às forças de Ouattara.
Actualmente, e segundo o relato de fontes da Igreja, a situação humanitária no país é particularmente preocupante em Duékué, no Oeste, onde se contabilizam cerca de 15 mil deslocados. Trata-se de uma situação muito grave, com carências a todos os níveis. A esmagadora maioria destes deslocados não tem qualquer tipo de haveres. As suas casas e propriedades agrícolas foram queimadas.
Entretanto, começam também a haver sinais de que é necessário ultrapassar esta situação, abrindo-se caminho para a reconciliação nacional, única maneira de a paz se estabelecer de verdade.
D. Jean-Pierre Kutwa, arcebispo de Abidjan, condenou as violências e convidou todos os marfinenses à reconciliação e à paz durante uma cerimónia ecuménica realizada durante a passada semana.
No próximo mês de Junho, vai reunir-se, pela primeira vez desde a eclosão dos conflitos, a Assembleia Plenária anual da Conferência Episcopal da Costa do Marfim, ocasião em que os bispos irão certamente tomar uma posição oficial sobre a violência que tem dilacerado o país.
Fonte: Departamento de Informação da Fundação AIS

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