“Um intenso momento de oração, para confiar à protecção materna de Maria – Mater unitatis – todo o povo italiano, a 150 anos da unidade política do país”: foi com estes termos que Bento XVI definiu o encontro de oração a que presidiu nesta quinta-feira à tarde, na basílica de Santa Maria Maior, com todos os Bispos italianos, em Roma para a assembleia geral. A oração – recordou o Papa – é “sempre um dar espaço a Deus: a sua acção torna-nos participantes da história da salvação”.
Bento XVI sublinhou que a basílica de Santa Maria Maior é a primeira, no Ocidente, a ter sido dedicada à Virgem Mãe de Deus. De facto, o edifício remonta ao século V, em ligação com o Concílio de Éfeso, celebrado em 431.
“Em Éfeso, a Igreja unida defendeu e confirmou para Maria o título de Theotokos, Mãe de Deus: título de conteúdo cristológico, que remete para o mistério da incarnação e exprime no Filho a unidade da natureza humana com a natureza divina”.
“Aliás – prosseguiu ainda Bento XVI – são a pessoa e as vicissitudes de Jesus de Nazaré que iluminam o Antigo Testamento e o próprio rosto de Maria. Nela entrevê-se, em contra-luz, o projecto unitário que entrelaça os dois Testamentos. Na sua história pessoal se encontra a síntese de todo um povo, que coloca a Igreja em continuidade com o antigo Israel.” É nesta perspectiva que assumem sentido cada uma das histórias pessoais, a começar pelas figuras femininas, “em cuja vida se encontra representado um povo humilhado, derrotado, deportado”. E são elas também a personificar a esperança… são o “resto santo”, sinal de que “o projecto de Deus não permanece uma ideia abstracta, mas encontra correspondência numa resposta pura, numa liberdade que se doa sem nada manter para si, num sim que é pleno acolhimento e dom perfeito”. Algo de que Maria é a mais alta expressão. “Não é a fé que é uma alienação: são outras as experiências que desfiguram a dignidade do homem e a qualidade da convivência social” – advertiu Bento XVI, aludindo à realidade histórica italiana, nestes 150 anos de Estado unitário, onde não faltaram expressões da presença do Evangelho…
“Ao celebrar os 150 anos da sua unidade política, a Itália pode orgulhar-se da presença e da acção da Igreja. Esta não procura privilégios nem entende substituir-se à responsabilidade das instituições políticas. Respeitando a legítima laicidade do Estado, a Igreja está atenta a apoiar os direitos fundamentais do homem. Entre estes, estão antes de mais as instâncias éticas e portanto a abertura à transcendência, que constituem valores prévios a qualquer jurisdição estatal, enquanto inscritos na própria natureza da pessoa humana”.
Dirigindo-se especialmente aos bispos italianos, numa perspectiva aberta ao futuro, o Papa exortou-os a estimularem os leigos católicos a não desertarem das suas responsabilidades na promoção concreta do bem comum: “Não hesiteis em estimular os leigos a superarem qualquer espírito de clausura, distracção ou indiferença, levando-os antes a participar na primeira pessoa na vida pública. Encorajai as iniciativas de formação inspiradas na doutrina social da Igreja, de tal modo que quem é chamado a responsabilidades políticas e administrativas não permaneça vítima da tentação de tirar partido da sua posição por interesses pessoais ou por sede de poder”.
Num país em que desde sempre perduram os contrastes entre um Norte mais rico e desenvolvido e um Sul que mal consegue superar as suas dificuldades crónicas, o Santo Padre pediu aos Bispos italianos para “renovarem as ocasiões de encontro”, de parte a parte.
“Ajudai o Norte a recuperar as motivações originárias daquele vasto movimento cooperativo de inspiração cristã que animou uma cultura da solidariedade e do desenvolvimento económico. Por outro lado, provocai o Sul a fazer circular, em benefício de todos, os recursos e as qualidades de que dispõe e aquelas formas de acolhimento e de hospitalidade que o caracterizam”.
“Continuai a cultivar um espírito de colaboração sincera e leal com o Estado, sabendo que essa relação é benéfica não só para a Igreja como também para todo o país” – exortou ainda o Papa dirigindo-se aos Bispos italianos. Bento XVI concluiu confiando o povo italiano à protecção de Maria, “mãe da unidade”.
“Sob a protecção da Mater unitatis colocamos todo o povo italiano, para que o Senhor lhe conceda os dons inestimáveis da paz e da fraternidade, e, portanto, do desenvolvimento solidário. Ajude as forças políticas a viverem também o aniversário da Unidade como ocasião para reforçar o elo que une a nação, superando todas as contraposições preconcebidas. Que as diferentes legítimas sensibilidades, experiências e perspectivas se possam recompor num quadro mais amplo para procurar conjuntamente aquele que verdadeiramente contribui para o bem do país”.
Fonte: Rádio Vaticano Foto: Tesori di Roma
Bento XVI sublinhou que a basílica de Santa Maria Maior é a primeira, no Ocidente, a ter sido dedicada à Virgem Mãe de Deus. De facto, o edifício remonta ao século V, em ligação com o Concílio de Éfeso, celebrado em 431.
“Em Éfeso, a Igreja unida defendeu e confirmou para Maria o título de Theotokos, Mãe de Deus: título de conteúdo cristológico, que remete para o mistério da incarnação e exprime no Filho a unidade da natureza humana com a natureza divina”.
“Aliás – prosseguiu ainda Bento XVI – são a pessoa e as vicissitudes de Jesus de Nazaré que iluminam o Antigo Testamento e o próprio rosto de Maria. Nela entrevê-se, em contra-luz, o projecto unitário que entrelaça os dois Testamentos. Na sua história pessoal se encontra a síntese de todo um povo, que coloca a Igreja em continuidade com o antigo Israel.” É nesta perspectiva que assumem sentido cada uma das histórias pessoais, a começar pelas figuras femininas, “em cuja vida se encontra representado um povo humilhado, derrotado, deportado”. E são elas também a personificar a esperança… são o “resto santo”, sinal de que “o projecto de Deus não permanece uma ideia abstracta, mas encontra correspondência numa resposta pura, numa liberdade que se doa sem nada manter para si, num sim que é pleno acolhimento e dom perfeito”. Algo de que Maria é a mais alta expressão. “Não é a fé que é uma alienação: são outras as experiências que desfiguram a dignidade do homem e a qualidade da convivência social” – advertiu Bento XVI, aludindo à realidade histórica italiana, nestes 150 anos de Estado unitário, onde não faltaram expressões da presença do Evangelho…
“Ao celebrar os 150 anos da sua unidade política, a Itália pode orgulhar-se da presença e da acção da Igreja. Esta não procura privilégios nem entende substituir-se à responsabilidade das instituições políticas. Respeitando a legítima laicidade do Estado, a Igreja está atenta a apoiar os direitos fundamentais do homem. Entre estes, estão antes de mais as instâncias éticas e portanto a abertura à transcendência, que constituem valores prévios a qualquer jurisdição estatal, enquanto inscritos na própria natureza da pessoa humana”.
Dirigindo-se especialmente aos bispos italianos, numa perspectiva aberta ao futuro, o Papa exortou-os a estimularem os leigos católicos a não desertarem das suas responsabilidades na promoção concreta do bem comum: “Não hesiteis em estimular os leigos a superarem qualquer espírito de clausura, distracção ou indiferença, levando-os antes a participar na primeira pessoa na vida pública. Encorajai as iniciativas de formação inspiradas na doutrina social da Igreja, de tal modo que quem é chamado a responsabilidades políticas e administrativas não permaneça vítima da tentação de tirar partido da sua posição por interesses pessoais ou por sede de poder”.
Num país em que desde sempre perduram os contrastes entre um Norte mais rico e desenvolvido e um Sul que mal consegue superar as suas dificuldades crónicas, o Santo Padre pediu aos Bispos italianos para “renovarem as ocasiões de encontro”, de parte a parte.
“Ajudai o Norte a recuperar as motivações originárias daquele vasto movimento cooperativo de inspiração cristã que animou uma cultura da solidariedade e do desenvolvimento económico. Por outro lado, provocai o Sul a fazer circular, em benefício de todos, os recursos e as qualidades de que dispõe e aquelas formas de acolhimento e de hospitalidade que o caracterizam”.
“Continuai a cultivar um espírito de colaboração sincera e leal com o Estado, sabendo que essa relação é benéfica não só para a Igreja como também para todo o país” – exortou ainda o Papa dirigindo-se aos Bispos italianos. Bento XVI concluiu confiando o povo italiano à protecção de Maria, “mãe da unidade”.
“Sob a protecção da Mater unitatis colocamos todo o povo italiano, para que o Senhor lhe conceda os dons inestimáveis da paz e da fraternidade, e, portanto, do desenvolvimento solidário. Ajude as forças políticas a viverem também o aniversário da Unidade como ocasião para reforçar o elo que une a nação, superando todas as contraposições preconcebidas. Que as diferentes legítimas sensibilidades, experiências e perspectivas se possam recompor num quadro mais amplo para procurar conjuntamente aquele que verdadeiramente contribui para o bem do país”.
Fonte: Rádio Vaticano Foto: Tesori di Roma
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