quarta-feira, 18 de maio de 2011

Bento XVI critica «especulação sem limites»

Bento XVI criticou no Vaticano a “especulação sem limites” no campo das finanças, apelando a uma “distribuição equitativa de recursos e oportunidades”.
O Papa classificou como “preocupantes” os sinais que chegam do mundo financeiro, “depois da fase mais aguda da crise”, considerando que se voltou a “praticar com frenesim” a atribuição de contratos de crédito “que muitas vezes consentem uma especulação sem limites”.
“Fenómenos de especulação danosa verificam-se também relativamente a alimentos, água, terra, acabando por empobrecer ainda mais os que já vivem em situações de grande precariedade”, alertou.
Bento XVI falava diante dos participantes num congresso promovido pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz, em Roma, por ocasião dos 50 anos da encíclica ‘Mater et Magister’, de João XXIII, Papa entre 1958 e 1963.
Para o actual Papa “o aumento dos preços dos recursos energéticos primários, com a consequente busca de energias alternativas – guiada, muitas vezes, por interesses económicos de curto alcance -, acabam por ter consequências negativas sobre o ambiente, bem como sobre o próprio homem”.
Por outro lado, disse Bento XVI “a partir dos vários desequilíbrios globais” que caracterizam a actualidade, “alimentam-se disparidades, diferenças de riqueza, desigualdades, que criam problemas de justiça”, especialmente “em relação aos mais pobres”.
“A questão social moderna é, sem dúvida, questão de justiça social mundial”, indicou, uma questão de “distribuição equitativa dos recursos materiais e imateriais, de globalização da democracia substancial, social e participativa”.
“A verdade, o amor, a justiça propostos pela ‘Mater et Magister’, juntamente com o princípio da destinação universal dos bens – como critérios fundamentais para superar os desequilíbrios sociais e culturais – permanecem os pilares para interpretar e avançar a solução também para os desequilíbrios ligados à globalização actual”, disse Bento XVI.
O Papa citou o texto de João XXIII para falar num “legítimo pluralismo dos católicos na concretização da doutrina social”, indicando que “a Igreja espera que os que a compõe sejam semeadores incansáveis de um verdadeiro e responsável pensamento e que realizem um projecto social generoso, sustentado pelo amor pleno de verdade que habita Jesus Cristo”.

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