Nascida na Quinta do Bosque, Amadora - Lisboa, a 15 de Junho de 1843, filha de Nuno Tomás de Mascarenhas Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque e de D. Maria da Purificação de Sá Carneiro Duarte Ferreira, recebeu no Baptismo, a 02 de Setembro desse ano, na Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, o nome de Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque.
Órfã desde a adolescência, aprendeu na escola das dificuldades e do sacrifício a vencer as suas inclinações temperamentais e a escutar, no íntimo do coração, a voz de Deus que a chamava a doar-se a todos quantos precisavam da sua ajuda.
A situação social do seu tempo deixava na miséria uma multidão enorme de empobrecidos, constantemente agredida pela injustiça e pela opressão: desabrigados, doentes, explorados, alcoólicos, analfabetos, viúvas, órfãos, etc..
O clamor destes deserdados encontrou eco no coração de Libânia do Carmo que procurou a vida religiosa como meio de lhe responder. Depois do noviciado, em França, e de agregar a si um bom número de seguidoras, dedica-se, com a sua Congregação ao exercício da caridade, onde fosse preciso fazer o bem: aliviar sofrimentos, acolher necessitados, consolar tristezas, ser presença benfazeja em todos os caminhos e lugares..
Onde houvesse alguém carecido de pão, de casa ou de agasalho, onde aparecesse uma pessoa necessitada de amparo espiritual, de paz ou de conhecimento de Deus, aí estava ela, com suas Irmãs, fazendo-se benefício, acolhimento e esperança…
A vasta obra de fundações: Colégios, Creches, Hospitais, assistência a inválidos e crianças, tratamento a domicílio, cozinhas económicas - conheceu a abnegação desta heróica religiosa.
Na maior disponibilidade e sedenta de anunciar o Evangelho pelo exercício das obras de misericórdia, foi pioneira em missões além mar, registando o ano de 1883 a primeira partida para Angola. Sucederam-lhe outras espaços de evangelização em Goa, Guiné e Cabo Verde.
Eleita Superiora Geral em vários capítulos, em Maio de 1896, a Serva de Deus, a pedido de todas as Superioras locais e de muitas irmãs, foi reconhecida pela Sé Apostólica, como Fundadora e Superiora Geral vitalícia.
Mas nem tudo redundou em sucesso. Como todas as autênticas fundadoras, foi provada pelo mais doloroso sofrimento, pelas mais humilhantes calúnias e as mais cruéis perseguições.
Vivendo numa época marcada pelo poder liberal, viu a sua Congregação ferozmente atacada, como alvo de toda a perseguição à Igreja, em Portugal. No meio das calúnias mais ignominiosas e humilhantes que o jacobinismo português levantou às Irmãs, através da imprensa nacional e estrangeira, a Madre Maria Clara mostrou-se sempre forte e digna, resoluta e prudente, superior a todo o vexame e a qualquer ofensa.
Apesar da campanha difamatória, não deixou a benemérita Congregação de prosperar em vocações e em obras, merecendo sempre o crédito do povo português que lhe requeria os serviços com toda a confiança.
Confrontada, também, por oposições internas que pareceres contraditórios criaram, soube aceitá-las com paciência e serenidade, colocando a bondade e o perdão acima de antagonismos e divergências.
Foi surpreendida por uma visita apostólica, logo após ter sido pronunciada Fundadora, que lhe levantou um calvário de martírios. Experimentou, silenciosa e submissa, as humilhações inerentes a tentativas de destituição do ofício, pelo próprio visitador que se deixou influenciar pela parte contestante. Vê no representante da Igreja o próprio Deus e usa com ele de toda a deferência e respeito, delicadeza e humildade, não obstante uma ou outra defesa que clama a verdade e a justiça no seu devido lugar.
A plena aceitação do que considerava a vontade de Deus, o amor que consagrava à sua Congregação fazem-na viver serenamente, com muita fé e esperança os martírios que estes acontecimentos provocam. Todos eles aquilatam o valor da sua grande alma. Apesar da sua extraordinária coragem e da sua profunda generosidade, o seu coração bom e sensível, ferido por tantas dores e trabalhos, aproximava-se do fim.
A sua peregrinação terrena deixa um rasto de Hospitalidade e de Acolhimento. Fundou mais de 140 Obras de acção social, recebeu no seu Instituto cerca de mil religiosas que espalharam e levaram o seu carisma de Paz e de Hospitalidade até muito longe.
Combatido o bom combate, desgastada por enormes canseiras, carregada de méritos, a Madre Maria Clara do Menino Jesus faleceu com fama de santidade, no dia 01 de Dezembro de 1899.
Conhecida como era pela sua extrema caridade, mansidão e humildade, a notícia fez chorar pobres e crianças, órfãos e doentes, nobres e povo simples. Milhares de amigos juntaram-se à dor das Irmãs e acorreram a render a última homenagem àquela que consideravam santa. Três dias durou a devota peregrinação de fiéis que queriam ver, pela última vez, esta mulher extremamente caritativa.
A fama de santidade perdurou tempos fora e, em 1995, foi aberta a fase instrutória do Processo de canonização, na Diocese de Lisboa. Decorrendo normalmente as sucessivas etapas, em Roma, em 2008, foi declarada Venerável. Ocorrido um milagre, depois de devidamente estudado e aprovado, teve como desfecho o Decreto do Papa, em 10 de Dezembro de 2010, que autorizou a sua publicação. Está assim aberta a porta para a beatificação
Fonte: CONFHIC Foto: Colégio de S. José
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