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Intenção Geral
Um Evangelho credível
Para que, através do anúncio credível do Evangelho, a Igreja saiba oferecer sempre, às novas gerações, renovadas razões de vida e esperança
Situação actual
Não há dúvida que vivemos num tempo confuso e de profunda crise também no seio da Igreja. Crescem no mundo a intolerância e as incertezas, a injustiça, as guerras, a violência, a pobreza, a fome. A cultura ocidental dominante está marcada pelo secularismo e o materialismo, que parecem não necessitar de Deus. Mas também, e talvez por isso mesmo, somos testemunhas de um tempo de intensa busca espiritual, por parte de muitos dos nossos contemporâneos. Há um renascer da espiritualidade e do desejo de Deus, mas tantas vezes procurado no lugar errado.
Os progressos da ciência e a abundância das coisas materiais não conseguem responder à pergunta pelo sentido da vida e às necessidades mais prementes do coração humano. Hoje em dia entram no «mercado» múltiplas ofertas religiosas que pretendem oferecer respostas ao vazio existencial de quem não quer um mundo sem Deus.
Oferecer o Evangelho, sobretudo às novas gerações, de modo credível e significativo, é um desafio permanente e sempre apaixonante para a Igreja.
Necessidade da esperança
Todos nos damos conta da necessidade de esperança, não de qualquer esperança mas de uma esperança firme e credível. Em particular, a juventude é tempo de esperanças, porque olha para o futuro com muitas expectativas. Quando se é jovem alimentam-se ideais, sonhos e projectos; a juventude é o tempo em que amadurecem opções decisivas para o resto da vida.
Mas a crise de esperança é também mais forte nas jovens gerações que, em contextos sócio-culturais em que faltam certezas, valores e pontos de referência sólidos, têm que afrontar dificuldades que parecem superiores às suas forças. Por isso, para muitos a única saída que se apresenta possível é a fuga alienante para comportamentos perigosos e violentos, para a dependência da droga e do álcool e outras formas de falsa solução. Apesar de muitos jovens se encontrarem em situações penosas, não se apaga neles o desejo do verdadeiro amor e da autêntica felicidade.
E por isso nunca deixam de aflorar as perguntas de fundo, tais como: Porque estou no mundo? Que sentido tem viver? Que será da minha vida? Como alcançar a felicidade? Porquê o sofrimento, a doença e a morte?
Perguntas que são angustiantes quando os jovens têm que enfrentar obstáculos que às vezes parecem insuperáveis: dificuldades para estudar, falta de trabalho, incompreensões da família, crise nas relações de amizade e na construção de um projecto de casamento, doenças ou incapacidades, carência de recursos adequados por causa da actual e generalizada crise económica e social.
Em busca da verdadeira esperança
A experiência mostra que as qualidades pessoais e os bens materiais não são suficientes para assegurar aquela esperança que a alma humana busca constantemente. Como escreveu o actual Papa na encíclica Spe salvi, a política, a ciência, a técnica, a economia e qualquer outro recurso material, por si sós não são suficientes para oferecer a grande esperança a que todos aspiramos. Esta esperança «só pode ser Deus que abraça o universo e que nos pode propor e dar aquilo que só por nós não podemos alcançar» (n. 31).
Para S. Paulo, a esperança não é só um ideal ou sentimento, mas uma pessoa viva: Jesus Cristo, o Filho de Deus. Impregnado profundamente por esta certeza, poderá dizer a Timóteo: «Pusemos a nossa esperança no Deus vivo» (1 Tm 4, 10). O «Deus vivo» é Cristo ressuscitado e presente no mundo. Ele é a verdadeira esperança: Cristo que vive connosco e em nós, e nos chama a participar da sua mesma vida eterna. Se não estamos sós, se Ele está connosco, se Ele é o nosso presente e o nosso futuro, porque temer? A esperança do cristão consiste, portanto, «em aspirar ao reino dos Céus e à vida eterna como nossa felicidade, pondo a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não nas nossas forças, mas nos auxílios da graça do Espírito Santo» (Catecismo da Igreja Católica, 1817).
Olhando o futuro
Vivemos um momento histórico que constitui uma oportunidade para a Igreja e para o Apostolado da Oração. Queremos aproveitar a nossa rica tradição espiritual, os Padres da Igreja, os Padres do deserto, os místicos de todos os tempos para dar uma resposta aos nossos contemporâneos. Existe a necessidade de Deus e nós encontrámos o tesouro escondido.
Queremos e devemos anunciá-lo, em primeiro lugar a partir do nosso testemunho, dizendo aos outros aquilo que nós descobrimos. Como afirmou João Paulo II: «Hoje as pessoas acreditam mais em testemunhas que em professores… na vida e nos factos que em teorias».
Intenção Missionária
Levar Cristo àqueles que O não conhecem
Para que, através da proclamação do Evangelho e do testemunho da sua vida, os missionários levem Cristo a todos os que ainda não O conhecem.
«As nações caminharão à sua luz» (Ap 21, 24). O objectivo da missão da Igreja é iluminar com a luz do Evangelho a todos os povos no seu caminho histórico para Deus, para que tenham a sua realização plena e o seu cumprimento. Devemos sentir a ânsia e a paixão para iluminar todos os povos com a luz de Cristo, que brilha no rosto da Igreja, para que todos se reúnam na única família humana, sob a paternidade amorosa de Deus. É nesta perspectiva que os discípulos de Cristo, dispersos por todo o mundo, trabalham e se esforçam sob o peso dos sofrimentos, e entregam a sua vida.
A Igreja universal, sem confins nem fronteiras, sente-se responsável pelo anúncio do Evangelho a todos os povos. Ela, gérmen de esperança por vocação, deve continuar o serviço de Cristo no mundo. A Igreja é portadora da salvação que se actua no Reino de Deus. Este Reino, plenitude escatológica que não é deste mundo (cf. Jo 18, 36), é também deste mundo, e na sua história força de justiça, de verdadeira liberdade e respeito pela dignidade de cada homem.
A Igreja procura transformar o mundo por meio da proclamação do Evangelho do amor, «que ilumina constantemente um mundo obscuro e nos dá força para viver e actuar… e assim levar a luz de Deus ao mundo» (Deus caritas est, 39).
Não podemos nunca esquecer que a proclamação do Evangelho e o testemunho de vida andam juntos. Lucas, no seu Evangelho, apresenta Jesus Cristo ressuscitado dizendo que a sua paixão, ressurreição e a conversão para o perdão dos pecados serão anunciados a todas as nações e que os discípulos são testemunhas de todas estas coisas. Também nos Actos dos Apóstolos lhes anuncia que eles seriam suas testemunhas até aos confins da terra. Está claro que os discípulos são chamados a ser testemunhas da sua mensagem, da Boa Notícia da Salvação e da sua Pessoa, mostrando a Jesus nas suas vidas.
António Coelho, s.j.
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