sexta-feira, 10 de junho de 2011


Santo Anjo da Guarda de Portugal
«Miguel, um dos chefes principais, veio em meu auxílio»

Leitura da Profecia de Daniel, 10, 2a, 5-6.12-14ab
Naqueles dias, ergui os olhos e vi um homem vestido de linho, com um cinturão de ouro puro. O seu corpo era semelhante ao topázio e o rosto tinha o fulgor do relâmpago;  os olhos eram como fachos ardentes, os braços e as pernas eram brilhantes como o bronze polido e o som das suas palavras era como o rumor duma multidão. Ele disse-me: 

«Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração para compreender e te humilhaste diante do teu Deus, as tuas palavras foram ouvidas. É por causa das tuas palavras que eu venho. O chefe do reino da Pérsia resistiu-me durante vinte e um dias. Então Miguel, um dos chefes principais, veio em meu auxílio. Eu estive lá, a fazer frente ao chefe dos reis da Pérsia, e vim para te explicar o que vai suceder ao teu povo, no fim dos tempos». 

Nota Histórica

Os Anjos que fazem parte desse mundo invisível, a que se estende também a acção criadora de Deus, vivem inteiramente dedicados ao louvor e ao serviço de Deus. A inteligência humana tem dificuldade em exprimir a natureza dessas criaturas espirituais. A sua missão, porém, é-nos mais conhecida através da Bíblia, que, em tantos passos, dá testemunho acerca da existência dos Anjos. Mensageiros de Deus, em momentos decisivos da História da Salvação, os Anjos estão encarregados da Guarda dos homens (Mt. 18, 10: Act. 12,3) e da protecção da Igreja (Ap. 12, 1-9). A fé cristã crê também que cada nação em particular tem um Anjo encarregado de velar por ela. Em Portugal a devoção ao Anjo da guarda é muito antiga. Tomou, porém, um incremento especial com as Aparições do Anjo, em Fátima, aos Pastorinhos. Pio XII mandou inserir esta comemoração no nosso Calendário. (Fonte: Secretariado Nacional de Liturgia)

De Leão X a Pio XII

"A pedido do rei Dom Manuel e dos bispos portugueses, o Papa Leão X instituiu em 1504 a festa do «Anjo Custódio do Reino» cujo culto já era antigo em Portugal. Oficializada a celebração tradicional, Dom Manuel expediu alvarás às câmaras municipais a determinar que essas festas em honra do nosso Anjo da Guarda fossem celebradas com a maior solenidade. Na festa do Anjo de Portugal deveriam participar as autoridades e instituições das cidades e vilas além de todo o povo. Esta celebração manteve o seu esplendor durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Por determinação das Ordenações Manuelinas a festa do Anjo de Portugal era equiparada à festa do Corpo de Deus, já então a maior festa religiosa de Portugal, em que toda a nação afirma a sua Fé na presença real de Cristo na Eucaristia.
De acordo com o testemunho dos Pastorinhos de Fátima, em 1915 e 1916 o Anjo de Portugal apareceu por diversas vezes a anunciar as aparições de Nossa Senhora nesta sua Terra de Santa Maria e deu aos Pastorinhos a comunhão com o «preciosíssimo corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo» como ele próprio declarou. O culto do Anjo de Portugal teve o seu maior brilho nas cidades de Braga, Coimbra e Évora, e manteve-se na diocese de Braga onde se celebrava a 9 de Julho. No tempo de Pio XII a festa do Anjo de Portugal foi restaurada para todo o País e transladada para o dia 10 de Junho para que o Dia de Portugal fosse também o Dia do Anjo de Portugal.(Fonte: Faz-te Sempre Presente)

O Anjo da Paz em 1916

As aparições do Anjo de Portugal em Fátima, foram uma preparação dos Pastorinhos para o encontro com Nossa Senhora. Foram igualmente um convite à oração e ao sacrifício de que os Pastorinhos se tornaram exemplo. Na primeira aparição, na Loca do Cabeço, o Anjo disse: “Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo: Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Orai assim: Os Corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”. Relata a Irmã Lúcia: “A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa que quase não dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima, que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.
Nesta Aparição, nenhum pensou em falar, nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também, maior impressão, por ser a primeira assim manifesta” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).
Da segunda vez o Anjo da Paz falou assim: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente, ao Altíssimo, orações e sacrifícios”.“Como nos havemos de sacrificar?” “De tudo que puderdes, oferecei a Deus sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai, com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar” (in Segunda Memória da Irmã Lúcia).
A última aparição na Loca do Cabeço, relembra a Irmã Lúcia nas suas Memórias:
“Estando, pois, aí, apareceu-nos pela terceira vez, trazendo na mão um cálix e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálix, algumas gotas de sangue. Deixando o cálix e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração: “Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.
“Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálix e a Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálix deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo: Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia). (Fonte: Santuário de Fátima)

Cada nação tem um Anjo da Guarda
Uma das manifestações do carinho paternal do Senhor por cada um de nós é a existência dos Anjos, muitos dos quais estão ao nosso serviço. Deus ama-nos infinitamente e valemos tanto a Seus olhos, que nos confiou a estes magníficos e valiosos companheiros. Acreditamos que também cada nação, à semelhança de cada membro da Igreja, tem o seu Anjo. Os Anjos manifestam o carinho de Deus por nós. Nem era de esperar outra coisa, porque, pelo modo como são conduzidas as nações, as pessoas que a elas pertencem podem ter maior ou menor facilidade em se salvarem, já pela legislação, já pela administração da justiça, pela orientação do ensino, da Comunicação Social, ou pela simples abdicação de toda a autoridade, para já não falar da perseguição aberta aos princípios da moral cristã.
Cada nação é como uma família solidária, e a experiência prova que há uma entreajuda para o bem ou para o mal.
O Anjo da Guarda de Portugal defende-nos das armadilhas de Satanás. A Liturgia da Palavra fala-nos do Arcanjo S. Miguel defendendo o Povo de Deus de perigos garantindo, deste modo, a sua subsistência. É uma verdade de fé a existência de espíritos maus – os demónios – que tentam arrastar-nos à desobediência a Deus. Como anjos que continuam a ser, embora revoltados perpetuamente contra Deus, possuem uma inteligência muito superior à nossa; a dos homens é discursiva, lenta, raciocinando, a partir das causas, até aos efeitos e, além disso, muitas verdades permanecem ocultas para ela; a do Anjo é intuitiva, como que penetra dentro da mesma essência das coisas, captando imediatamente a realidade.
Sem a sua ajuda, facilmente seríamos enganados. Supostas estas verdades, é certo e sabido que, abandonados a nós próprios, seríamos facilmente enganados por estes espíritos do mal, se não contássemos com a ajuda dos Anjos fiéis a Deus, para desmantelar e denunciar estas armadilhas.
A existência de um Anjo ao qual a nossa Pátria está confiada recebeu especial incremento com as aparições do Anjo da Guarda de Portugal aos três Pastorinhos de Fátima, em 1916, preparando a visita de Nossa Senhora. Trata-se de revelações particulares nas quais ninguém está obrigado a acreditar, mesmo depois da aprovação oficial da mesma Igreja. Mas seria uma imprudência orgulhosa recusar o testemunho de tantas pessoas sensatas.
O Anjo da Guarda de Portugal tem por missão livrar-nos de todas as adversidades e guardar-nos em todos os nossos caminhos.

Os Anjos, mensageiros da alegria
A presença dos Anjos, na Sagrada Escritura, inspira sempre confiança e alegria, embora num primeiro momento o encontro com o desconhecido possa causar um certo receio, como aconteceu aos pastores de Belém na noite do nascimento do Salvador. Não tenhais medo! Por isso, a primeira frase com que os saúdam é a mesma de Jesus em diversas vezes da vida pública (quando, de noite, foi ao encontro dos Apóstolos, caminhando sobre as águas; ou às santas mulheres junto do sepulcro; ou ainda no Cenáculo).
Também Gabriel começou por dizer a Maria, depois de A ter saudado: «Não temas»! Os Anjos são sempre mensageiros da Graça e da Alegria. Estão ao serviço da missão salvadora de Jesus: «nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é o Messias Senhor».
Actuam com humildade. Tão discretos se conduzem na sua acção, que nem damos pela sua ajuda.


Gratidão para com o Anjo de Portugal
Vivemos em Portugal histórias recentes de incertezas, medo e insegurança. Só no Céu tomaremos conhecimento de quanto ficámos a dever ao Anjo da Guarda de Portugal. Quando se estudarem serenamente e com isenção as últimas décadas da nossa história, talvez possamos compreender com mais clareza como a mão de Deus nos sustentou amorosamente, servindo-se da missão do Anjo da Guarda de Portugal. Invoquemo-lo contra novos perigos. Hoje volta a estar em perigo a nossa fé e, consequentemente, a nossa salvação. Meios poderosos da técnica espalham a corrupção nos corações. Além disso, são muitos os que se deixam tentar pelo suborno, e pela desonestidade nos negócios. Estruturas poderosas espalham a droga, corrompendo e destruindo a nossa juventude que é a promessa do nosso futuro. As famílias sofrem duramente, sem encontrar solução para este doloroso problema. (...) Procuremos também, com alma de criança, marcar presença na Loca do Cabeço, e no Poço do Arneiro, para renovarmos a nossa devoção ao Anjo da Guarda de Portugal.  (Fonte: Celebração Litúrgica)
Fotos por ordem: Anjo de Portugal em Fátima Anjo Custódio do Reino, de Diogo Pires, 1518-1520 - O Portal da História Anjo de Portugal em Fátima

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