sábado, 11 de junho de 2011

Relatório independente reconhece perseguição às minorias religiosas no Paquistão


No Paquistão verifica-se um aumento da violência contra as minorias religiosas que “são as primeiras vítimas de perseguição”. Esta é uma questão que o governo deve tratar de forma a garantir a liberdade, a democracia e a existência de um Estado de Direito. Esta constatação vem publicada no relatório “Uma questão de fé” (A Question of Faith), publicado pelo Jinnah Institute, um prestigiado centro de pesquisa e análise paquistanês, inspirado nos princípios do fundador do país, Mohammed Ali Jinnah. Este centro de estudos é hoje presidido pela parlamentar muçulmana Sherry Rehman, do Pakistan People's Party, o partido actualmente no poder no Paquistão.
O relatório, citado pela agência Fides, considera crítica a condição e a liberdade das minorias religiosas no país e por isso apresenta ao governo 23 recomendações, que incluem a abolição da lei sobre a blasfémia ou pelo menos a sua substancial modificação, de forma a evitar-se abusos; aprovar novos artigos do Código Penal do Paquistão para punir aqueles que incitam o ódio religioso ou fomentam violência; remover a impunidade concedida aos líderes muçulmanos que pregam nas mesquitas; reformar a polícia e o sistema judiciário. O relatório convida o Governo a rever o sistema dos tribunais islâmicos e a estabelecer uma nova autoridade independente, que pode ser ponto de referência para a protecção das mulheres e das minorias.
“Estamos totalmente de acordo e estamos muito satisfeitos que uma instituição de prestígio, expressão da inteligência muçulmana do país, destaque estes temas e fale sobre a perseguição dos cristãos”, disse o padre Mário Rodrigues, director das Pontifícias Obras Missionárias do Paquistão. “Nós sabemos que Sherry Rehman arrisca a sua vida porque se expõe sobre essas delicadas questões. Agradecemos-lhe e expressamos a nossa plena solidariedade. Não creio, porém, que o governo pretenda enfrentar seriamente a questão da situação das minorias religiosas, mas este relatório dá-nos esperança de que algo mude na opinião pública e na sociedade civil do Paquistão”, afirmou ainda o sacerdote à referida agência de notícias. O relatório denuncia a situação grave de discriminação em que vivem as minorias religiosas no Paquistão. A pesquisa baseia-se em entrevistas a 125 líderes da sociedade civil, organizações não-governamentais, comunidades religiosas minoritárias, realizadas entre Dezembro de 2010 e Abril deste ano.
O texto documenta a deterioração progressiva da condição social e económica das minorias religiosas e “o aumento da violência contra elas”. Analisando a situação dos cristãos e hindus - todos os alvos de violência e discriminação - nota-se especialmente que “a situação dos cristãos se deteriorou significativamente” e que “são as primeiras vítimas de perseguição”, “sentem-se cidadãos de segunda classe” e “são discriminados em todas as esferas da vida pública”. Nas áreas rurais são particularmente indefesos, vítimas de abuso e opressão feitos por muçulmanos ricos. 
Fonte: Departamento de Informação da Fundação AIS

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