quinta-feira, 16 de junho de 2011

Junho 2011

E as nossas saídas continuam... De mês para mês vamos afinando a técnica e tudo vai saindo a contento.
Do quase nada que temos às 19,00 horas, a pouco e pouco se juntam muitos poucos e... pelas 21,00 horas contam-se os sacos relativamente bem recheados e a conta sobe... sobe... sobe...
- 170! - diz quem conta.
- Tantos?!... Só queríamos 150 - pensam alguns.
Pois foi. Reunimos 170 sacos e lá fomos entregues à esperança de encontrar clientes para todos, que o melhor era não os haver nunca.
O Sr. Pe. Artur fez a oração e uma pequena alocução e lá seguimos, uns para os bairros, outros para a cidade.
A surpresa do excesso de miséria começou logo nas traseiras da Rua Júlio Dinis onde os 4 sacos previstos se esgotaram em dois portais e os 4 seguintes não chegaram para os outros 4 ocupantes porque alguns de passagem também precisavam. Chocou encontrar um jovem que está na rua apenas há três meses e um engenheiro russo que partiu as pernas na construção civil e por cá ficou sem capacidade, sem seguro, sem indemnização e sem trabalho. Mas adquiriu uma resignação que faz pasmar.
- Sibéria não pode... pernas partidas!... - diz ele num português a saber a russo.
Vamos ver o que se pode fazer por ele. Já há quem pense tratar-lhe da repatriação.
Continuámos pela cidade e nem a falta de gente na Câmara se notou no excesso de sacos.
Nessa altura falaram-nos da equipa dos bairros a dizer que tinham deixado quase tudo no Aleixo e só lhes restavam alguns sacos. Propunham-se ir directamente à Batalha. Acertámos nisso e alterámos o nosso percurso procurando no Marquês e no Lima 5 algum esquecido mas não encontrámos ninguém. Disseram-nos que a essa hora os que têm um quartinho pago já se tinham recolhido por não esperarem ninguém por ali por não ser hábito, e, nos portais, nem vivalma.
Descemos ao Carregal e Santo António. A costumada avalanche rodeou as carrinhas e o que ainda havia depressa foi "sugado" com avidez.
Desta vez era pequeno o grupo de Carregosa, por isso decidimos fazer mesmo ali a nossa última oração para que eles pudessem regressar a casa sem terem que voltar a Aldoar.
Foi uma prece de agradecimento e de pedido por todos eles, pelas suas doenças, limitações e misérias, e de esperança em que Deus os não abandonará porque assim Lhe pedimos e porque está sempre com eles como Ele próprio disse.

C. F.

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