sexta-feira, 10 de junho de 2011

Audiência geral das quartas-feiras

Que a Europa não tenha medo de Deus...

Que a Europa não tenha medo de Deus, mas preserve e renove as suas raízes cristãs: foi o que afirmou Bento XVI durante a audiência geral desta quarta-feira na Praça de S. Pedro, dedicada à recente viagem apostólica à Croácia. O Papa deteve-se em particular sobre o papel da família cristã na Igreja e na sociedade de hoje. A fidelidade conjugal, disse, tornou-se de per si um testemunho do amor de Cristo. Bento XVI salientou antes de mais “a urgência do desafio” colocado aos povos do Velho Continente: “Não terem medo do Deus de Jesus Cristo”, que “nada tira da liberdade mas restitui-a a si mesmo e dá-lhe o horizonte de uma esperança de confiança”.
Bento XVI frisou que “a mais profunda vocação da Europa” consiste em “guardar e renovar um humanismo que coloque no centro a consciência do homem, a sua abertura transcendente e ao mesmo tempo a sua realidade histórica”. O Papa sublinhou que este humanismo é capaz de “inspirar projectos políticos diversificados mas convergentes na construção de uma democracia substancial, fundada sobre valores éticos radicados na própria natureza humana”. O motivo principal da visita à Croácia, rica pelo seu “património espiritual, ético e cultural” e “que se prepara para entrar na União Europeia”, foi a primeira jornada nacional das famílias católicas croatas. “Na Europa de hoje, as nações de sólida tradição cristã têm uma especial responsabilidade em defender e promover o valor da família fundada no matrimónio, que continua a ser decisiva no campo educativo e no campo social”. Num tempo em que se “constata a multiplicação das separações e dos divórcios”, o Papa realçou que o matrimónio é a “união de um homem e de uma mulher”, que com o apoio divino se “amam e ajudam por toda a vida, na alegria e na dor, na saúde e na doença”.
A primeira educação para a fé, assinalou Bento XVI, consiste no testemunho da fidelidade ao pacto conjugal: “A partir dela os filhos aprendem sem palavras que Deus é amor fiel, paciente, respeitoso e generoso”. No encontro com bispos, padres e religiosos, o Papa apontou o exemplo do beato Alojzije Stepinac, cardeal que se opôs ao nazismo, fascismo e comunismo, tendo morrido devido a doença contraída na prisão. “Este momento de oração, enriquecido pela presença de tantos irmãos e irmãs que dedicaram a vida ao Senhor, foi para mim de grande conforto, e rezo para que a família croata seja sempre terreno fértil para o nascimento de numerosas e santas vocações”.
O programa da deslocação papal, que teve como lema ‘Juntos em Cristo’, incluiu uma vigília com os jovens, em que Bento XVI percebeu “toda a força” da fé da “nova geração croata”, animada por um “grande impulso para a vida e seu significado, para o bem, para a liberdade, ou seja para Deus”. “Foi belo e comovente sentir estes jovens cantar com alegria e entusiasmo, e, depois, no momento da escuta e da oração, recolher-se em profundo silêncio”, lembrou o Papa, que destacou o facto de a visita ter decorrido dias antes do Pentecostes, a celebrar este domingo, quando os católicos vão evocar a efusão do Espírito Santo na Igreja.
A visita, inteiramente realizada na capital, Zagreb, foi “rica de encontros e sobretudo de intenso espírito de fé”, dado que os croatas “são um povo profundamente católico”, afirmou Bento XVI.
Eis as palavras pronunciadas em português Pelo Santo Padre:
Queridos irmãos e irmãs, hoje gostaria de comentar brevemente a minha Visita Pastoral à Croácia, realizada no sábado e domingo passados, tendo como lema “juntos em Cristo”. O motivo principal da visita era a Primeira Jornada Nacional das famílias católicas croatas, cujo ponto culminante foi a celebração eucarística dominical, no hipódromo de Zagreb. Vivida no contexto da novena de Pentecostes, o clima espiritual assemelhava-se a um grande cenáculo, com as famílias invocando juntas o dom do Espírito Santo. No dia anterior, ao entardecer, houve uma vigília com os jovens. Propus-lhes a pergunta que Jesus fez aos seus primeiros discípulos: “Que procurais?”, lembrando-lhes que a alegria da fé é descobrir que Deus é o primeiro a amar-nos. Outros dois momentos importantes da minha visita foram a celebração das vésperas na Catedral, com os bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e noviços, e o encontro no Teatro Nacional de Zagreb com expoentes ilustres da sociedade civil e religiosa, aos quais, falando da grande tradição cultural croata, recordei a profunda vocação da Europa de zelar e renovar um humanismo que possui raízes cristãs.
Amados peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos saúdo com grande afetco e alegria, de modo especial a quantos vieram de Portugal e do Brasil com o desejo de encontrar o Sucessor de Pedro. Desça a minha bênção sobre vós, vossas famílias e comunidades. Ide em paz!

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