Fevereiro de 2011
A família, fundamento da sociedade
Para que a identidade da família seja respeitada por todos e para que seja reconhecida a sua insubstituível contribuição em prol de toda a sociedade.
A importância da família
A família é o fundamento indispensável da sociedade de todos os povos e um bem insubstituível para os filhos, dignos de nascer para a vida como fruto do amor e da doação total e generosa dos pais. A família ocupa um lugar primário na educação e no crescimento harmonioso da pessoa humana. É uma verdadeira escola de humanidade e valores perenes.
Ninguém deu o ser a si mesmo. Recebemos a vida de outros, vida que cresce e amadurece com as verdades e os valores que aprendemos na relação e comunhão com os outros. Neste sentido, a família, fundada no matrimónio indissolúvel entre um homem e uma mulher, expressa esta dimensão relacional, filial e comunitária e é ambiente próprio, onde a pessoa humana pode nascer com dignidade e desenvolver-se de uma maneira integral.
Aquele que nasceu e cresceu num ambiente familiar são tem todas as garantias de vir a ser um cidadão útil à sociedade, já que a família está na raiz mesma de uma vida digna e realizada. Por isso, se a família, como célula básica da sociedade, se debilita, toda a sociedade fica mais fraca. E a família debilitar-se-á quando não tem estabilidade nas suas relações afectivas. Neste caso, não só não será capaz de dar uma educação baseada nos valores humanos e evangélicos, como não poderá ajudar a sociedade.
A família é o lugar onde se aprende a viver o amor incondicional, imagem do amor de Deus. Por isso, ela constitui um desafio difícil mas, ao mesmo tempo, aliciante, que faz dela um lugar de excelência de aprendizagem e preparação para a vida.
Sobre esta importância da família, afirma o Concílio Vaticano II: «A família é a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade» (Gravissimum educationis, 3).
A crise da família
Em todos os tempos houve crises nas famílias, mas a que actualmente atravessa é certamente das mais graves dos últimos tempos. Com efeito, constatamos, particularmente na cultura ocidental, uma crise de identidade da família. A que é que, hoje em dia, podemos chamar «família»?
Além do «modelo tradicional», existem famílias monoparentais (viver só com o pai ou a mãe), famílias fruto de «uniões de facto» (infelizmente tão comuns), viver com a mãe e segundo marido, etc. Hoje em dia até se pode ter pais homossexuais. O baixo nível de natalidade, que se verifica em tantos países ocidentais, é outro indicador da falta de confiança na vida, na sociedade e na família. Por isso nos interrogamos: Qual o papel do pai e da mãe? Que educação se deve dar às crianças? Como definir, hoje, a família? Para a maioria das pessoas, baseia-se na relação entre um homem e uma mulher, mas há quem defenda outros modelos, como acabamos de referir.
Sobre esta crise, declarou o Papa Bento XVI, no Encontro Mundial das Famílias, na cidade do México, em Janeiro de 2009: «O trabalho educativo da família vê-se dificultado por um enganado conceito de liberdade, no qual o capricho e os impulsos subjectivos do indivíduo se exaltam até se deixar cada um encerrado na prisão do seu próprio eu».
Como superar a crise?
O mais importante para superar a crise que a família atravessa consiste em ter bem claro o papel da família. Sobre este papel, afirmou o Papa actual, na Assembleia do Pontifício Conselho da Família, em 13 de Maio de 2006: «A família, fundamentada no matrimónio, constitui um “património da humanidade”, uma instituição social fundamental; é a célula vital e o pilar da sociedade, e isto diz respeito a todos os crentes e não-crentes. Trata-se de uma realidade que todos os Estados devem ter na máxima consideração porque, como João Paulo II gostava de reiterar, “o futuro da humanidade passa pela família” (Familiaris consortio, 86)».
É necessário que se promovam, nos Estados, medidas legislativas e administrativas que apoiem as famílias nos seus direitos inalienáveis, necessários para realizar a extraordinária missão da família.
Pede-se às famílias cristãs que dêem o exemplo que se lhes pede, tanto no amor mútuo de homem e mulher, como no amor aos filhos e na educação dos mesmos, a fim de serem membros úteis da sociedade. Este testemunho é necessário hoje mais do que nunca, dados os problemas com que a família se debate.
Oremos intensamente este mês, juntamente com o Papa, por este problema tão delicado e fundamental. Perguntemo-nos o que já fazemos e o que podemos ainda fazer para apoiar a família. Invoquemos a inspiração da Sagrada Família de Nazaré, que representa o modelo familiar de simplicidade, trabalho, unidade… onde Deus Se sente em sua casa.
Intenção Missionária - Doença e testemunho cristão
Para que, nas terras de missão em que o mais urgente é a luta contra a doença, as comunidades cristãs saibam testemunhar a presença de Cristo junto dos que sofrem.
Se é verdade que existem doenças em todo o mundo, também é verdade que nos territórios tradicionalmente chamados terras de Missão, as doenças têm uma maior incidência, sobretudo em África, por várias razões, como sejam a falta de higiene, a escassez de água e outras e também por falta de assistência, já que escasseiam médicos e enfermeiros. Existem ainda os grandes lobies internacionais que impedem que haja ajudas por outros canais que não sejam os deles, já que isso lhes estragaria o negócio. Isto aplica-se sobretudo ao caso da sida, mas também se pode dizer da malária e tuberculose, que infelizmente se tornaram endémicas, sobretudo em países africanos.
É certo que, sobretudo em África, não existe outra instituição que faça tanto pelos doentes e abandonados como a Igreja Católica em inúmeras obras, como hospitais, hospícios e tantas outras formas de ajuda. Mas é necessário que todo este apoio se multiplique ainda mais, na quantidade e qualidade.
No tratamento da doença não bastam os remédios materiais que ataquem essa doença, é também necessário ser uma presença amiga junto do doente, sobretudo tratando-se de doenças terminais ou pelo menos graves. Esta proximidade não deve traduzir-se em falsas consolações do género de dizer à pessoa doente que foi Deus que lhe mandou a doença, ou que agora está a sofrer, mas que no Céu não se sofre. É certo que no Céu não se sofre, mas trata-se de levar uma palavra amiga a quem está a sofrer na terra.
E a consolação daquele que sofre, no caso de ser cristão, consistirá em dizer-lhe que não está só no seu sofrimento, que Cristo é solidário com ele, que Deus está a sofrer com ele, que aquele que sofre tem um lugar especial no coração de Deus. Com efeito, a experiência da doença, vivida a partir da fé, torna-nos capazes de descobrir a misericórdia de Deus que está perto de nós para nos dar a sua consolação.
Na presença da doença, sobretudo de doenças mais graves, sentimo-nos desarmados e não encontramos as palavras adequadas e é nestas ocasiões que o silêncio respeitoso e compassivo é a melhor atitude que podemos ter.
Oremos neste mês para que em África e em todo o mundo o serviço aos doentes seja vivido, da parte dos cristãos, como fruto da sua união com o Coração de Jesus. Esta intenção de oração recorda-nos a relação privilegiada que Cristo tinha com os doentes, que se encontra no coração mesmo do Evangelho.
António Coelho, s.j., in Apostolado da Oração
Sem comentários:
Enviar um comentário