terça-feira, 1 de março de 2011

Intenções do Santo Padre para Março de 2011
















Intenção Geral

Caminhos de futuro na América Latina

Para que as nações da América Latina caminhem na fidelidade ao Evangelho e progridam na justiça social e na paz. 

O passado

Foi em 1492 que chegaram ao continente americano os primeiros conquistadores portugueses e espanhóis. Começou assim uma nova sociedade, fruto do encontro de dois mundos e duas culturas. Houve acertos e desacertos, grandes exemplos de zelosos evangelizadores, mas também abusos e injustiças contra as populações indígenas e mestiças, até genocídios. A nova sociedade que se tinha formado estava longe de ser coerente com o Evangelho que tinha chegado com os colonizadores.
Com as independências que se deram em 1810-1811, uma nova etapa histórica se abria para esta região. Mas a independência conquistada não significou a solução das grandes injustiças sociais, nem dos graves problemas da pobreza da maioria das populações.

O presente

A tarefa para conseguir uma sociedade mais justa e fiel ao Evangelho permaneceu ao longo dos 200 anos das independências e continua ainda hoje.
Ao longo destes 500 anos de história, muitos anunciaram Jesus Cristo. Os mártires e os profetas não faltaram, muitos deles assassinados ou perseguidos por causa da fidelidade ao Evangelho. Muitos lutaram por fazer avançar a sociedade para condições de maior igualdade e bem-estar para todos, levantando a voz para denunciar as injustiças e os abusos.
Nos tempos mais recentes, no obscuro período de repressão por parte das ditaduras militares do século passado, muitos foram perseguidos, torturados e mortos.
Para além das ditaduras militares que, felizmente, já não existem hoje, há muitos problemas que permanecem, como sejam as suspeitas e ameaças em fronteiras comuns, o narcotráfico, as guerrilhas, os desníveis sociais, etc.
Continua, portanto, hoje, a existir motivos de preocupação diante de formas de Governo autoritárias ou sujeitas a certas ideologias que se julgavam já ultrapassadas e que não correspondem a uma visão cristã do homem, como sejam as ideologias marxistas ou de um capitalismo selvagem que pensa somente nos bens económicos e políticos, esquecendo os valores fundamentais de todas as sociedades que se desejam justas e cimentadas nestes valores.
Por outro lado, a economia liberal de alguns países latino-americanos deve ter presente a equidade, pois muitos continuam a aumentar os sectores sociais que se vêem provados, cada vez mais, por uma grande pobreza, ou mesmo despojados dos próprios bens naturais.

Perspectivas de futuro

Afirmou o actual Papa, no Discurso da V Conferência Geral do CELAM (Reunião dos bispos da América Latina): «Os povos latino-americanos têm direito a uma vida plena, própria dos filhos de Deus, com umas condições mais humanas, livres das ameaças da fome e de todas as formas de violência. Para estes povos, os Pastores devem fomentar uma cultura da vida que permita passar da miséria para a posse do necessário, à aquisição da cultura… à cooperação para o bem comum… até ao reconhecimento de todos os valores supremos e de Deus que é sua fonte e o seu fim».
É necessário alterar as estruturas, sobretudo as que geram injustiças. As estruturas justas são uma condição sem a qual não é possível uma ordem justa na sociedade. Mas as estruturas não nascem nem funcionam sem um consenso moral da sociedade sobre os valores fundamentais e sobre a necessidade de viver estes valores, com as necessárias renúncias, inclusivamente contra os interesses pessoais.

O papel da Igreja

A fé em Deus iluminou a cultura dos povos da América Latina durante cinco séculos. Do encontro desta fé com as etnias originárias nasceu a rica cultura cristã deste Continente.
A Igreja tem, hoje em dia, um papel muito importante a desempenhar, já que se nota no Continente uma debilidade da fé e da própria pertença à Igreja Católica, devido ao secularismo, hedonismo e proselitismo de numerosas seitas, de religiões animistas e de novas expressões pseudo-religiosas.
A intenção de oração do Papa deste mês chega quando os países da América Latina celebram os 200 anos de independência. A voz do Santo Padre soma-se a tantas outras que desejam, para o assim chamado «Continente católico», uma sociedade onde todos possam ter vida em Cristo e vida em abundância. A persistência de graves injustiças e pobreza, corrupção e populismos, a discriminação, a secularização e o consumismo próprios do mundo globalizado, etc., atentam contra a vida plena dos filhos de Deus. A Igreja quer assumir a missão de trabalhar ao serviço do Reino de Deus, para que os países da América Latina possam avançar na fidelidade ao Evangelho e progredir na justiça social e na paz.

Intenção Missionária

Perseverança no sofrimento

Para que o Espírito Santo dê luz e força às comunidades cristãs e aos fieis perseguidos ou discriminados por causa do Evangelho, em tantas regiões do mundo.

O século XX foi o século com mais mártires na história da Igreja, com mostras de violência anti-cristã em todos os continentes, ainda que mais acentuada em alguns, e essa violência ainda não terminou. Pelo contrário, nestes últimos anos a perseguição tem aumentado. Concretamente, no ano que passou houve vários ataques contra os cristãos no Iraque e no Egipto, dos quais resultaram muitos mortos e feridos.
Segundo a organização francesa Ajuda à Igreja que Sofre, hoje em dia são 200 milhões os cristãos que não podem viver a sua fé livremente. Qual seria o mapa da perseguição dos cristãos no mundo? Seria necessário nomear a Índia, a China, o Vietname, a Indonésia, as Filipinas, o Egipto, a Bielorússia, Cuba, Paquistão, Arábia Saudita, Iraque e quase todos os países árabes. Mas também em muitas regiões africanas e latino-americanas se persegue e mata aqueles que, em nome da fé, servem e defendem os pobres.
O Papa actual referiu-se a estas situações na Mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2009: «Uma menção particular para aquelas Igrejas locais e para aqueles missionários(as) que se encontram a testemunhar e a difundir o Reino de Deus em situações de perseguição, com formas de opressão que vão desde a discrimina-ção social até à prisão, a tortura e a morte».
E acrescenta o Santo Padre logo a seguir: «A participação na missão de Cristo marca também a vida dos anunciadores do Evangelho, para os quais está reservado o mesmo destino do seu Mestre: “Recordai o que vos disse: Não é o servo maior que o seu Senhor. Se Me perseguiram a Mim também vos hão-de perseguir a vós” (Jo 15, 20). A Igreja segue o mesmo caminho e sofre a mesma sorte que Cristo, porque não actua segundo uma lógica humana ou contando com as razões da força, mas seguindo o caminho da Cruz e fazendo-se testemunha e companheira de viagem da humanidade».
Rezemos neste mês para que o Espírito Santo, que é Luz e força, continue a dar a todos cristãos perseguidos ou incompreendidos a fortaleza de que precisam no meio de tantas provações.

António Coelho, s.j. / Apostolado da Oração

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