Ontem foi dia de ir à
rua, ou melhor, noite. Uma noite que prometia chuva mas que, afinal, nos
poupou.
Partimos com 115
merendas recheadas com bastantes doces e muitas amêndoas que faziam pesar
exageradamente os sacos.
Divididos em dois
grupos avançámos pelos bairros e pela cidade. Naqueles fomos surpreendidos pelo
número dos que nos procuraram na "lavandaria" do Aleixo, e pelo
diálogo com dois utentes da 1ª. Torre, que se confessaram adictos à droga,
atribuindo a essa inclinação ou fraqueza as culpas das suas escolhas...
É evidente que, seja
qual for a inclinação de cada um, creio que nunca se poderá desresponsabilizar
totalmente cada qual pelo sentido das suas opções pondo de lado a capacidade de
uso da liberdade que Deus nos concedeu. Daí que não pareça correcto “atirar
para o lado" as culpas de se manter apegado ao vício.
Também aí tivemos
outra surpresa: atendemos uma senhora já nossa conhecida de outras visitas ao
Aleixo, relativamente jovem, e reservada. Saiu do “buraco” onde se refugiam os
dependentes e veio ter connosco. Pouco depois chega um jovem de automóvel que
se lhe dirige, cumprimenta-a, e, delicadamente, beija-lhe a mão…
Simplistamente, temos
a ideia que o Aleixo, e outros “aleixos” que por aí há, só são frequentados por
pessoas dos bairros onde o nível de educação não destoa do ambiente. Porém, o
caso de ontem deixa-nos a pensar que também a gente “fina” pode acabar por
fazer do Aleixo a sua casa onde vivem e pernoitam! Uns vão e vêm, outros
estacionam.
Adictos ou não, o que
é certo, é que é enorme o trambolhão das suas vidas e das suas pessoas subjugadas
à dependência em que se deixaram mergulhar!
Esperemos que cada um,
consciente do beco em que se meteu, se esforce e vá procurando saídas para uma
vida melhor e digna.
Os recados vão ficando,
deixados discretamente nestas visitas à espera que este e outros impulsos façam
germinar a boa semente.
Demos um passo,
esperamos os deles, e confiamo-los a Deus…
Franjas Sociais
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