Como vem sendo habitual participámos na preparação e no serviço da Ceia de Natal que a Porta Solidária organiza para os nossos amigos sem-abrigo.
Consideramos que é um momento de congregação de todos quantos estão na rua ao longo do ano com mesmo desejo de servir e ir ao encontro dos carenciados que a fatalidade, a acção e a inacção atiraram para situações de extrema necessidade.
Deste acontecimento dá sucintamente conta o relato seguinte que veio publicado quase que na íntegra pelo semanário diocesano VP:
O Natal na “Porta Solidária”
Já vai ficando longe o ano de 2003 em que numa simpática iniciativa os trabalhadores do Hotel Sheraton do Porto decidiram oferecer um jantar de Natal às pessoas sem abrigo da cidade e encontraram na Paróquia de Nª. Senhora da Conceição o local, o apoio e o acolhimento ideais para esse efeito.
Em 2005 a Paróquia assumiu directamente a sua organização e, levando à letra o sentimento de que “todos os dias deviam ser Natal” e o espírito de caridade do Evangelho, criou a “Porta Solidária” que passou a servir a quem precisar uma refeição quente todos os dias úteis do ano, a distribuir diariamente roupas e agasalhos, a encaminhar para outras entidades os casos que requeiram especial tratamento, e a facultar cuidados de enfermagem por pessoal voluntário habilitado.
Daí que o Natal da Porta Solidária não seja um simples fogacho natalício mas uma verdadeira festa na continuidade da actividade caritativa de um ano que conta com a congregação de esforços de outros grupos e organizações de voluntários de dentro e fora da cidade.
Este ano decorreu no passado dia 29 de Dezembro e teve o habitual apoio da Caritas Diocesana, do pessoal do Hospital de Santa Maria do Porto, da Escola Superior de Educação Paula Fracinetti, dos voluntários da Porta Solidária, dos escuteiros e jovens da Paróquia, do grupo de apoio aos Sem-abrigo “Franjas Sociais” e o seu numeroso séquito das Paróquias de Aldoar, Carregosa e Vila Cova de Perrinho, de jovens da Paróquia de Nª. Senhora da Conceição de Guimarães, de mais alguns vindos de Famalicão e de outros lugares que responderam com a sua participação activa na realização da festa, num total de mais de cem voluntários.
Ainda que estejamos em época de carência, choveram de um e outro lado os donativos para o jantar e para as prendas a entregar no final, de modo a que tudo chegasse e nada faltasse numa organização que de ano a ano vai afinando cada vez melhor.
Ainda que muitos dos que conhecemos da rua não tivessem comparecido, a sala não demorou a ficar completamente cheia com todos os 383 lugares preenchidos.
Via-se satisfação e alegria nos rostos à medida que os estômagos se sentiam satisfeitos. Para isso também contribuiu a animação proporcionada por um grupo de jovens da Paróquia que deu som aos seus instrumentos, e, no final, o simpático e afinado grupo de Cavaquinhos do Marquês que só não pôs tudo a dançar porque a sala não o permitia.
Cativante foi ver o Pastor entre as suas últimas ovelhas: como já é habitual, o Sr. D. Manuel Clemente participou e dialogou com eles na refeição, acompanhou os voluntários de serviço na sala e na cozinha, e, perto do final, associou-se ao cantar das janeiras em que, num credo sincero, mais de cem vozes foram repetindo em coro para a sala e para o mundo:
“Nós vimos aqui a cantar
P’ra anunciar com amor:
Já nasceu o Deus Menino,
É Jesus o Redentor. ”
E é este anúncio de primavera que o voluntariado ao serviço dos mais pobres e deserdados, daqueles que têm pouco e dos que nem tecto têm, conserva no coração e leva ao longo do ano a cada utente da Porta Solidária, e quer levar a toda a parte pela palavra e pela acção aos “caminhos e azinhagas” do mundo e desta nossa cidade onde quer que se encontre alguém a precisar de conhecer a Deus, e a necessitar de Pão, de Paz e de Amor.
Um voluntário.
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