À "Ronda da Noite" e Irmãos Sem-abrigo
A pobre viúva deu tão pouco,
Mas deu tudo o que tinha para viver!...
Aos olhos de Deus, foi a maior oferta de todas as deixadas, nesse dia, no Templo!...
Ai, o frio que enregela os corpos
Sofridos
Desnutridos
Andrajosos
Ambulantes de ruas
Mais ou menos movimentadas,
E, agora,
Aliados à fome
De horas e horas
Dias e dias
Sem uma refeição reconfortante
Que aqueça o corpo
E dê alento à alma!
Que esta parece já não existir
Com tanto sofrer e mágoa no resistir!!...
Passei na rua,
E ouvi apregoar:
Meias para o frio:18 pares por tanto...
Então, lembrei-me de vós
Irmãos sofredores
Sem tecto ou lareira
De estômago vazio
Enfrentando o frio!!...
Já alguma vez
Sentiste fome e frio ao mesmo tempo?
Doloroso por certo!!
Mas, disto nós temos,
E de nós bem perto!!...
Quando me deito
E tenho os pés frios,
não adormeço,
E de vós não me esqueço!
Coloco uma botija
Com água bem quente
E que alívio se sente!!
Com este óbolo insignificante,
Nada comparado ao da viúva,
Poderei dar um pouco de conforto
A 56 pés nús e macerados
Pelos rigores do Inverno atormentados!!...
Dê
E verá que não custa!
A vida para si não foi madrasta
E sentir-se-á mais justa!
Maria Alice
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