quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Jantar da Natal...

Dando continuidade à tradição realizou-se ontem mais um Jantar de Natal com os Sem-abrigo da cidade do Porto, nas instalações da Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Marquês).
Ainda faltava muito para a hora marcada e já alguns se alinhavam junto ao portão de entrada para a cripta na ânsia de garantir um lugar à mesa, adivinhando a avalanche de gente que se apresentou em resposta à divulgação anteriormente feita na rua e junto dos utentes habituais da Porta Solidária.
Dizer que a resposta também dada pelo voluntariado foi linda acho que é pouco pois excedeu as expectativas: ao pessoal da Paróquia e voluntários do costume juntaram-se também outros voluntários dos Hospitais Privados de Portugal com elementos do Porto e dois que vieram expressamente de Lisboa, os escuteiros de Aldoar, duas irmãs de Coimbra e outro de Vila Nova de Famalicão que responderam ao pedido de voluntários feito no Facebook...
Gente grande e gente pequena, novos e menos novos, pequeninos mesmo alguns (dos três anos para cima...), cada qual à sua maneira e segundo as suas possibilidades ajudou a dar corpo a mais uma manifestação de vitalidade e presença cristã junto dos menos protegidos.
Sob a orientação do Sr. Pe. Rubens foi preparada a sala, colocadas as mesas, as cadeiras, os talheres, arrumados os pratos, tudo na devida ordem para acolher os esperados 300 comensais.
Um pouco antes da hora prevista já a fila dava a volta à igreja. Trezentos?!... comentava-se que seriam mais que isso àquela hora. E os atrasados? De facto, foi com certa dificuldade que se iniciou o escoamento daquela gente que se comprimia junto à entrada em direcção às mesas. As mesas estavam completas e ainda havia muitos à entrada. Recorreu-se à colocação de mesas extra para acomodar a todos, que foram mais uns oitenta!...
A sala não comportava mais ninguém, nem que se quisesse... Fechada a porta iniciou-se o serviço a que os voluntários para esse efeito destacados executaram na perfeição. Primeiro o arroz, o frango, o pão para todos, e as bebidas - sumos e água. Quem quis repetiu até acabar e se ver o fundo aos tachos que seguiram dali para a cozinha limpinhos até ao fundo!
Seguiram-se as sobremesas que este ano foram muito abundantes: maçãs, tangerinas, bananas, e, a estas, o Bolo-Rei e Vinho do Porto.
No palco, o grupo de cavaquinhos da Senhora da Conceição pôs muitos a dançar ao som das trovas que iam tocando.
Tudo servido, os voluntários subiram ao palco, que ficou totalmente preenchido, e, em coro afinado, entoaram as "Janeiras" com letra adaptada ao evento e ao local:
"Oh! Acordai!..., Oh! Acordai!..."
A hierarquia esteve ali presente na pessoa do Sr. Bispo Auxiliar, a Caritas na pessoa do seu Presidente diocesano, e a Igreja em todos os que responderam à chamada, de longe ou de perto, servidos ou servidores.
Dizer que correu bem é pouco porque o resultado final, sendo o corolário da conjugação do esforço de todos numa corrente de doação e entrega gratuitas, é o espelho do que deveria ser a sociedade e o mundo, construindo aquela sociedade em que o Amor está em todos e a todos se dá gratuitamente.
C.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

JANTAR DE NATAL

Franjas Sociais, abrangendo também voluntários das Paróquias de Carregosa e de Aldoar (escuteiros) e dos H.P.P. participam em mais uma organização do Jantar de Natal dos Sem-abrigo que a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição (ao Marquês, no Porto) tem por tradição oferecer nesta quadra.
Vai ter lugar nas instalações daquela Paróquia no próximo dia 29, às 20,00 horas.
Quem pretender poderá ajudar com a oferta de Vinho do Porto para o final pois que já há tudo o necessário.
Aceitam-se luvas e meias (preferentemente de homem) para o brinde a entregar no final.
As ofertas deverão ser entregues na Paróquia até às 10,00 horas da manhã de Quarta-Feira.
C.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Dezembro de 2010

5 Anos...


Com coroa de ouro se encerrou este 5º. ano da actividade de "Franjas Sociais" na rua. E o que fizemos para isso? NADA!... Só persistimos...
Com fartura desusada, de gente e de coisas, preparámos mais esta saída.
Desde o mês passado que contávamos com o pessoal da Paróquia de Carregosa e com o do Clã 50 do Agrupamento de escuteiros. Mais ainda outros voluntários do grupo original. O suficiente para encher as duas carrinhas de 9 lugares.

Juntámos pão, sandes, bolos, fruta, salgados variados, queques e pastéis e leite com chocolate. Juntámos a isto as sobras do jantar dos escuteiros por eles cuidadosamente guardadas, e bastantes termos com café com leite quente.

Com a agilidade própria dos jovens e, especialmente, dos que já desenvolveram competência organizativa, num abrir e fechar de olhos dispuseram e distribuiram tudo pelos 150 sacos individuais.

Perante aquele espectáculo houve alguém que, ao passar, quis saber do que se tratava. Quando soube que era para distribuir aos Sem-abrigo desabafou:

- Segundo disseram na Católica há dias, e deu na TV, já "há grupos a mais na rua; até se chegam a digladiar a disputar a distribuição; outros até deitam fora o que se acabou de se lhes entregar."

- Pois olhe que em tantos anos de rua nunca vimos tal; o que encontrámos mais que uma vez foi alguns a dizer-nos:

- Ai! Ainda bem que vieram... Se não fosse vocês aparecerem hoje não comíamos nada! E mesmo quando nos parece haver novos grupos, ou colaboramos com eles se a abundância não for suficiente, ou então deixamo-los nesse lugar e avançamos para outro de modo a que não haja atropelo na distribuição.

Quem foi que disse que a Caridade é cega?

Pelos vistos, quando às vezes pretendemos ver é que a Caridade deixa de o ser...

Sem comentários para o muito mau serviço prestado à própria causa da Igreja por quem, sem conhecimento preciso das coisas, e com muito pouco discernimento, dá publicidade negativa a um eventual facto isolado que, deste modo, se transforma em corrente e na verdade oficial!...

Pois bem: nessa mesma noite se confirmou uma vez mais o conteúdo da resposta quando, ao ver alojados dois nas arcadas do H. de Stº. António e nos dirigimos a eles nos disseram:

- Ah!... Estávamos a ver que esta noite não comíamos nada! Vimos passar aqui as carrinhas mas não pararam... Mas, graças a vocês podemos comer alguma coisa! E sabem que mais? Quando já se não espera e aparece é que sabe ainda melhor!...

Reunidos no átrio do Centro pedimos a bênção para aquela noite. Mais uma a arrostar com o pessimismo de tantos que se dizem cristãos mas que sem se dar conta vão mergulhando a sua sensibilidade em formalismos estéreis e práticas desertas de sentimento. Ao Pai Nosso seguiu-se a leitura de uma passagem do Novo Testamento, desta vez aberto pelo José Augusto, de Carregosa:

Actos dos Apóstolos, 3, 1-11.

"... Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho , isto te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!".

É evidente que, além do material, o mais importante é o imaterial que no caso da leitura é a cura do paralítico. No nosso caso até levamos algo para a manutenção do corpo, mas não deveremos dar ainda mais atenção ao espírito, às coisas da alma?

Já no mês passado tivemos idêntica leitura, a da cura do cego de nascença, em que os discípulos inquirem de Jesus de quem é a culpa da sua cegueira.

Ora Jesus dá-nos a entender claramente que o importante não é o saber de quem é a culpa disto ou daquilo mas o partido que nós pudermos retirar desse facto, "para se manifestarem as obras de Deus".

É para a manifestação das obras de Deus que aqui estamos e assim pretendemos continuar sem esperarmos dividendos de qualquer natureza.

Dividimo-nos em dois grupos, seguindo um pela cidade (Boavista, Júlio Dinis, Câmara, Viaduto , Batalha, Urgência do H. de Stº. António), e rumando o outro directamente ao Aleixo, Pinheiro Torres, Pasteleira... Findo este percurso juntámo-nos na Urgência mas passando ainda pelas arcadas do Hospital, onde se passou a cena já descrita, e pelo Jardim do Carregal onde detectámos outra situação a requerer tratamento urgente e que já mereceu algumas diligências da nossa parte em contacto com os Médicos do Mundo.
A noite avançava e urgia dá-la por terminada para permitir o regresso pouco tardio dos grupos. Convidámos os que ainda permaneciam no local a rezar connosco um Pai-Nosso de agradecimento por aquela noite e de prece por todos as suas necessidades: e, de mãos dadas numa roda larga, ressoou no ar da Rua do Rosário, devota e pausadamente, o som daquela oração que ainda hoje une os corações de todos os cristãos.
C.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ainda Novembro de 2010...


Uma noite diferente
"No passado dia 10 de Novembro, à noite, alguns dos elementos do Clã 50 Egas Moniz e alguns membros das Equipas de Animação do Agrupamento 174 de Aldoar tiveram uma experiência diferente.
Juntaram-se a alguns membros da Paróquia de Aldoar do grupo "Franjas Sociais" e da Paróquia de Carregosa, de Oliveira de Azeméis, para irem pelas ruas do Porto distribuir comida e bebidas quentes aos sem-abrigo.
Juntámo-nos por volta das 20,00 horas no Centro Paroquial, onde se ultimaram os preparativos, como a distribuição da comida por sacos individuais e a preparação das bebidas quentes.
Depois de uma breve apresentação, a partilha de algumas dicas e de uma oração, por volta das 22,00 horas partimos ruma à Boavista, mais propriamente a zona do Bingo, e de seguida para Júlio Dinis. Fizemos mais algumas paragens nas Urgências do H. de Stº. António, na Câmara Municipal, na Batalha, no Bairro do Aleixo, terminando no Bairro Pinheiro Torres.
Foi uma experiência bastante importante para nós e a qual repetiremos uma vez por mês, juntamente com o Grupo.
Esta noite mais do que distribuir comida e bebida quente, levou.nos a contactar bem de perto com outras realidades, a dar uma palavra e um sorriso que no dia-a-dia aquelas pessoas quase não recebem.
O Escutismo é mais do que acampar e estar entre escuteiros, é também saber lidar com outras realidades, trabalharmos em conjunto com outras pessoas e crescermos como indivíduos da sociedade.."
Extraído da edição nº. 5 de "O PERIÓDICO", jornal do Clã 50 do Agrupamento 174, de Aldoar.