sábado, 26 de dezembro de 2009

INÊS...

"Esta manhã (24/12) fui ao enterro da Inês às 11h em Vilar de Andorinho. Lindo. Já ontem à noite quando fui à capela mortuária com a Cuca e a Manela rezar um terço tive ocasião de perceber "aquele" sorriso tão misterioso nos olhos fechados dela. Foi um consolo.
Hoje houve uma cerimónia muito bonita - com a celebração da Palavra, uma homilia e a distribuição da Comunhão na Capela Matriz.
A Manela leu as leituras tão bonitas do Natal: "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz. Para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar", e o Salvador - de que ela tanto gostava no que era correspondida, leu a oração dos fiéis pedindo "pelas famílias que nesta noite não têm casa, nem pão, nem amor...". Tudo girava à volta da vida da nossa querida Inês que, com a fotografia da entrega da caixa dos sonhos na Missa de Natal da Trindade ao lado dela no caixão, continuava a sorrir como se nos quisesse sossegar e dizer: "acabou-se a luta, estou em paz, mas... atenção! Continuo convosco".
O diácono que presidiu falou com uma sabedoria muito grande explicando que há filhos que estão mais perto e outros mais longe da família e da casa mas que nunca saem verdadeiramente dos corações dos seus pais. E se é assim no coração dos pais da terra, muito mais o é no coração do Pai do Céu - n'ELE nunca deixa de caber um filho. São nove irmãos e uma mãe de alguma idade.
Foram buscá-la ao Instituto de Medicina Legal logo que souberam que tinha morrido e levaram-na de volta à terra donde nasceu, enterraram-na com muita dignidade, e foi de lá que partiu para a sua definitiva morada. EM PAZ.Vai-nos custar esquecê-la... aquele jeito atolambado de ser, de se rir, aqueles passos gigantescos capazes de ultrapassar o tempo, aquele sorriso malandro e terno, os abaços sem fim... e, um segredo: a boneca...
Um dia contou-nos que foi mãe há perto de 7 anos. Entregou a filha ao médico que a assistiu no parto quando este lhe mostrou a evidência - que ela não teria nunca capacidades de educar uma criança no coreto do Jardim da Cordoaria. E era com uma boneca, a que vivia agarrada toda a noite, que ela compensava a dor e as saudades que tinha da Sofia.
A Cuca andou como louca de um lado para o outro nos sítios que sabemos terem sido os últimos momentos dela, à procura da boneca para hoje lha entregar. Em vão. Mas não importa porque agora, do Céu onde andará de um lado para o outro aos encontrões a tudo e a todos, ela pode olhar e gozar bem de perto a sua menina.Descansa em paz, Inês!"
(Texto da Teresa Olazabal)
Da minha parte quero-te dizer que não sabia nem imaginava que no passado dia 14, na Trindade, te estavas a despedir quando, à socapa, me vieste dar "aquele" abraço e me pespegaste dois sonoros beijos na face.
Ao pensar nisso sinto como que uma dívida para contigo: a de nunca te esquecer, e, especialmente, não deixar de rezar por ti. É o que vou procurar fazer. Que o que te faltou em vida em comodidades, atenção e carinho, te sobeje agora no Céu em Graça e Felicidade Eterna. E lembra-te também sempre de nós junto do ETERNO DEUS!

PNAM

Carlos

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